segunda-feira, 30 de janeiro de 2017 45 comentários

Poema as Ibeijadas da TUPOM - Por Carlos de Ogum. Revisão: 2017



    Com a presença de novas divindades da linha de Ibeijada na Coroa
de alguns de nossos amados Médiuns, que por merecimento, através do
desenvolvimento mediúnico, voltamos ao poema postado em nosso blog no
dia 10 de setembro de 2015 para revisar e acrescentar nele o
complemento que falará dessas doces crianças de Umbanda, na qual nos
deram o imenso prazer de nos fazer companhia em nossas Correntes
Espirituais e em nossas sagradas Giras.

    Agradecemos a Deus, a Oxalá e a todos os Orixás a benção de termos
esses amados seres de luz em nossa caminhada.

Pai Carlos de Ogum.
Terreiro de Umbanda Pai Ogum Megê.
Mentor: Vovô Rei Congo das Almas.



**********************************************************************


Em um dia de grande festa e luz,
essas crianças eu vi brincar,
trazendo a alegria do menino Jesus,
crianças de Umbanda que nos fazem amar.

Tem no rosto um sorriso aberto,
no coração a caridade e amor,
elas vem tanto do mar como do deserto,
da cachoeira ou de um jardim de flor.



São  as amadas crianças de Umbanda,
que vem trabalhar em nosso Gongá,
com carinho vem trazendo sua banda,
todas trabalhando em nome de Pai Oxalá.

São amadas e nos fazem rir bastante,
nos trazendo paz ao coração,
com suas caretas e travessuras gigantes,
elas vem brincando e nos dando proteção.



Choram e gritam, dando até gargalhada,
fazendo sempre seus trabalhinhos,
nossas crianças, nossas queridas Ibeijadas,
correndo, pulando e cantando como os passarinhos.

Cada uma vem na Umbanda para saravá.
jogam bola, brincam de carrinho e de boneca,
sempre respeitando a luz do Gongá,
mesmo sendo aquela criança a mais sapeca.



Seja de Ogum, Oxum, Iansã ou de Iemanjá,
de Oxossi, Nanã, Xangô, Omulú ou de Obaluaiê,
não importa a irradiação do Orixá,
elas vem para abençoar e proteger a você.

Em nossa roça as crianças podem brincar,
pipocas, frutas, doces ou balas todas vão comer,
depois sentadinhas seu guaraná tomar,
diversão, alegria e felicidade aposto que vão ter.



São crianças tão belas meigas e carinhosas,
que agora nessas linhas vou apresentar,
com seus trabalhos de grande forças poderosas,
em nossa casa sempre vem nos ajudar.

A linda Aninha Estrelinha do Mar,
sempre atenta a tudo que acontece no Terreiro,
a ela peço para me abençoar,
e que nos livre de todos os mandingueiros.



Ela vem sempre com cabelo amarradinho,
com suas fitas vermelhas para embelezar,
tem no coração muito amor e carinho,
e um sorriso que só nos faz encantar.

Tenho agora aqui a Mariazinha da Praia,
que na verdade temos a pequenina e a mocinha,
são duas com esse nome sacudindo a saia,
enquanto uma chora a outra parece uma sinhazinha.



A pequenina parece ser sempre envergonhada,
e a mocinha com olhar muito atento,
as Mariazinhas deixando a Umbanda encantada,
e a todos com o coração sem tormento.

A sapeca Rosinha menina linda de nosso Gongá,
com seu jeitinho meigo e sempre muito falante,
trabalha na linha de Obaluaiê, Omulú e até de Iemanjá,
nunca para, parecendo uma pipoca saltitante.



Ela sabe que tem como nos ajudar,
e com fala meiga assim sempre faz,
obsessores ela sabe enganar,
acabando com o mal e o bem ela sempre traz.

Zezinho, menino lindo e muito esperto,
vem na Umbanda e diz "vamos saravar",
conquista a todos com seu sorriso aberto,
esse é o Zezinho menininho das ondas do mar.



Quando chega se agarra no braço de alguém,
balançando pra lá e pra cá,
sempre diz assim seja ou amém,
de olhos fechadinho ajoelhado no Gongá.

Juquinha, negrinho que tímido apareceu,
desceu no terreiro com receio da sinhá,
mesmo assustado um pequeno sorriso deu,
entendendo que ele também faz parte desse Gongá.



Negrinho lindo de olhos arregalados,
sempre de roupa rasgada e de pés no chão,
esse é Juquinha protetor dos discriminados,
luz divina e esperança para todos os irmãos.

Joãozinho com esse nome temos dois no Terreiro,
sempre comendo frutas e bebendo guaraná,
Joãozinho das Matas, o pequeno Curumim guerreiro,
e Joãozinho de Xangô que ilumina nosso Gongá.



Um indiozinho com seu arco e flecha na mão,
o outro pequenininho tem a grande força da pedreira,
o caçador corajoso ele não tem medo não,
e o miudinho tem magia que não é brincadeira.

    Das forças das estrelas chegou mais uma luz,
uma menina meiga com fitas que enfeita toda a roupinha,
seu sorriso nos traz a paz do Senhor Jesus,
e o nome dessa menina é a linda Joaninha.



    Nela temos a fé e a esperança,
que reina no céu de Pai Oxalá,
nos encanta com seu jeitinho de criança,
Joaninha menina linda de nosso valoroso Gongá.

    Com suas pedrinhas mágicas ele apareceu,
e nosso Gongá iluminado ficou,
é o mais novinho menino que Deus nos concedeu,
e a força de Pai Xangô ele demonstrou.



    Magia do bem ele faz para curar,
usando suas pedrinhas abençoadas por Jesus,
esse menininho não tem como não amar,
trazendo paz, esperança, amor e luz.

Agora vamos falar de um menino esperto e corajoso,
que é sapeca, carinhoso, travesso e brincalhão,
ele também é amigo, fiel e muito amoroso,
e carrega todos que ama dentro do coração.



Seu nome é Cosmezinho e Oxum é sua irradiação,
aquele que vive brincando com a ponta do nariz,
vê todas as crianças assim como um irmão,
fazendo de suas brincadeiras um modo de nos fazer feliz.

Cosmezinho é o menino que puxa o trem da diversão,
trazendo a Rosinha, Mariazinha, Joãozinho para fazer a festa,
vem a Aninha, Juquinha e Zezinho lhe dando a mão,
todos juntinhos dançando e cantando seresta.



Sua força maior está dentro do coração,
nunca nunca deixa um amigo chorando e com dor,
ele se faz de desentendido mas é um espertalhão,
e entende muito bem a diferença de ódio e de amor.

No pontinho riscado ele sempre faz questão,
de brincar e mostrar que é muito companheiro,
desenhando vassourinhas, pelinhos e até um pezão,
assim ele demonstra seu amor por todos os filhos do Terreiro.

De azul ele vem dos pés a cabeça,
mostra a esperteza de Oxossi e força de Ogum,
mas independente de tudo que aconteça,
é meigo e amável como sua mãe Oxum.

Essas são as crianças amadas de nosso Terreiro,
crianças que com brincadeiras nos abrem caminhos,
são todos graciosos, amáveis e companheiros,
com esses Anjos sabemos que não estamos sozinhos.

A cada trabalhinho feito acende uma luz,
estendendo suas mãozinhas a mim e a você,
são Ibeijadas as crianças de Jesus,
que para nossa felicidade estão no Terreiro Pai Ogum Megê.



Salve as Ibeijadas!

Salve as Crianças de Umbanda!

Carlos de Ogum

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017 33 comentários

Poema aos Caboclos e Caboclas da TUPOM. Por: Carlos de Ogum.



Na mata linda verdejante,
um Caboclo vi passar,
corria para se entregar a caridade,
caridade da Umbanda de Pai Oxalá.

Suas flechas eram como raio que cortavam os céus,
seus olhos eram como estrelas a brilhar,
Caboclos protegidos por mantos e véus,
proteção nos davam assim como poder de amar.



Cresceu a vontade de com eles estar,
e sentir aquela grande proteção,
nas danças, rezas e passes com seus dedos a estalar,
os caboclos assim nos estendiam as mãos.

Falo de uma irradiação muito bela,
que em nosso terreiro se mostrou,
brilhantes como a Lua em aquarela,
Deus assim esses Caboclos nos apresentou.



Guerreiro de força sem igual,
que com sua luz crianças curava,
com sua fé fenomenal,
e o o poder de Deus o abençoava.

Irradiava uma intensa luz,
e na aldeia tudo isso virou fato,
sabiam que ele era protegido de Jesus,
Esse é nosso amado Caboclo Rompe Mato.



Com a proteção de Mãe Iemanjá,
essa Cabocla nasceu,
abençoada por cada Orixá,
nas matas e perto do mar cresceu.

Uma bela e grande guerreira se transformou,
mesmo sendo ainda uma jovem menina,
pela sua tribo e por nós sempre lutou,
essa é a linda Cabocla Janaína.



Esse Caboclo protege a entrada de nosso Terreiro,
e com ele traz a força de Omulú e Oxalá,
sempre contamos com esse grande companheiro,
pois ele está sempre presente em nosso Gongá.

Sua força é realmente divina,
e com ele obsessores não me consome,
nas Giras ele nossa casa ilumina,
esse é o guerreiro e Arranca Toco é seu nome.



Uma beleza sem igual essa Cabocla tem,
uma luz divina para nos encaminhar,
com ela podemos dizer axé, saravá e amém,
que essa Cabocla tem o poder de amar.

Sua força está na mata e floresta,
amazonas guerreira e caçadora de ema,
no terreiro dança como na tribo em festa,
essa é a bela e maravilhosa Cabocla Jurema.



Nossa casa tem uma luz grandiosa,
que os Caboclos trazem com amor,
das matas e de áreas montanhosas,
esse Caboclo nos ajuda não importa como for.

Ao se apresentar mostra uma grande força do bem,
com suas magias com ervas raízes e castanhas,
com essa força nenhum espírito sem luz vem,
esse é o poderoso Caboclo Sete Montanhas.



O Terreiro com sua chegada fica mais iluminado,
e traz para nós a força da noite em nosso Gongá,
quando se aproxima me sinto muito abençoado,
como se estivesse recebendo a força do próprio Pai Oxalá.

Sete contas no céu o brilho resplandece,
e suas bençãos nos dá a sensação de poder voar,
em nossa casa sua presença nos enobrece,
esse é o Caboclo Sete Estrelas que sempre está a nos abençoar.



Guerreiro poderoso e chefe de tribo valente,
e as matas dominava fazendo de suas servas,
dom de comandar as árvores e o fogo ardente,
caçador supremo conhecedor de curas e ervas.

Suas flechas voavam do arco em suas mãos,
rezando nas cachoeiras, pedreiras e florestas,
lutando sempre pela a paz de seus irmãos,
esse grande guerreiro tem o nome de Caboclo Sete Flechas.



Cacique poderoso chefe de toda a tribo,
no Terreiro ele vem para obsessores encaminhar,
esse guerreiro todos os dias estará comigo,
auxiliando nossos trabalhos e as Giras levantar.

Seus passes são uma limpeza divina,
que a todos  nós concedeu Deus nosso Pai,
suas Correntes e conselhos sempre nos ensina,
que um filho de Umbanda com fé e caridade nunca cai.

Da linha dos Caboclos ele é chefe de Coroa,
juntamente com a chefia de Rei Congo e o Mestre Tranca Ruas,
na floresta linda sobre uma fina garoa,
lá vem o nosso amado cacique Caboclo Sete Luas.



Abençoados seremos todos nós,
com a força da floresta ou das águas da cascata,
sabemos que assim nunca estaremos sós,
pois sempre teremos a proteção desse povo da mata.

A cada passe dado a um filho da casa,
a cada conselho a um amigo consulente,
seja uma reza com ervas ou mesmo brasa,
tudo com nossos Caboclos se torna excelente.

Eles vem com a força de Deus e de Oxossi nosso Orixá,
e sem distinção protege a mim e a você,
estão sempre dispostos a iluminar nosso Gongá,
o Gongá do Terreiro de Umbanda Pai Ogum Megê.



Salve os Caboclos do TUPOM !

Okê Caboclos e Caboclas !


Carlos de Ogum

terça-feira, 10 de janeiro de 2017 33 comentários

A História de Chico Xavier

                   

    Francisco Cândido Xavier, ou simplesmente Chico Xavier.

    Quem nunca ouviu falar esse nome?

    Quem nunca se admirou em saber dos feitos desse ser de luz?

    Quem nunca, pelo menos por curiosidade, não parou para ler e
refletir sobre as coisas que Chico Xavier psicografava?

    Qual líder de outras religiões não tentava entender sobre esse ser
humano diferenciado?

    Chico Xavier foi e sempre será um caminho a ser seguido pelas
pessoas que buscam na espiritualidade um modo de demonstrar a
religação com Deus.

    E tudo isso começou quando esse amado ser deu seu primeiro choro
ao nascer, e isso foi no ano de 1910 exatamente no dia 2 do mês de
abril, na pequenina cidade de Pedro Leopoldo no estado de Minas
Gerais.

    Quando esse divino menino completou seus 5 anos de idade, a sua
mãe, a respeitável e amável senhora Maria João de Deus, infelizmente
desencarnou. Com isso o seu pai, o senhor João Cândido Xavier, sem
recursos para sustentar seus nove filhos, se viu obrigado a deixá-los
na casa de parentes e amigos. O pequeno menino Chico foi levado para a
casa de sua madrinha, mulher de coração ruim e personalidade duvidosa.

    Nos dois anos que Chico Xavier morou com a madrinha foi
extremamente infeliz, sendo surrado, humilhado e maltratado.

    A madrinha era por demais nervosa, e Chico não podia cantar,
brincar ou mesmo correr pela casa, que era severamente repreendido por
ela. Ela gritava, xingava, batia e beliscava fortemente a pobre
criança.

    Certa vez depois de ser castigado e humilhado, o menino Chico foi
se esconder no fundo do quintal, e lá lembrava de sua mãe querida, e
por meios de choros, soluços e muitas lágrimas, o pobre menino naquele
momento viu a seu lado dona Maria João de Deus, que irradiava uma luz
muito brilhante, e Chico Xavier disse com lágrimas nos olhos:

    "Mãe, é minha querida mãezinha. Minha amada mãe, que alegria ver a
senhora de novo. Quantas saudades tenho da senhora minha mãe."

    E a mãe de Chico responde com um olhar sereno e maternal:

    "E eu de você, meu adorado filho. Porém lembremos que Deus é amor,
e ele me permitiu que eu viesse até aqui. Vamos, não chores mais."

    Mas Chico em derradeiras lágrimas diz:

    "Eu quero ir embora com a senhora minha mãe, deixa eu ir, por
favor."

    E Dona Maria de Deus, respondendo como uma mãe carinhosa diz a
Chico:

    "Tenha paciência meu filho, lembre-se que o sofrimento nos deixa
mais fortes, mas tudo há de ser resolvido. Sabe amado Chico, eu vou
humildemente pedir ao Senhor Jesus, que conceda que um Anjo bom tome
conta de você. Prometo que você e seus oito irmãos em breve se
sentirão mais felizes. E agora meu amado filho, adeus!"


    E assim a mãe amada se foi, deixando a promessa que fizera a
Chico.

    Um pequeno tempo se passou, e dona Maria João de Deus cumpriu a
promessa feita a seu filho. O pai de Chico, meses depois, casou-se com
a jovem Cidália Batista, na qual passou a se chamar Cidália Batista
Xavier, que na época tinha 19 anos. A jovem era muito bondosa,
carinhosa e responsável, e sendo assim, a primeira coisa que dona
Cidália fez foi reunir em torno de si os nove filhos de seu marido, e
junto a eles sempre dizia:

    "Uma criança deve aprender a ler e a escrever, e sempre ficar
junto a sua família."

    E assim sendo, além de reunir os irmão, ela os matriculou no
Grupo Escolar, mas infelizmente não havia dinheiro para comprar
livros, cadernos, lápis, borrachas, lápis de cor. Dona Cidália então
teve uma bela ideia, inteligentemente pediu ao marido que fizesse uma
horta no fundo do quintal, e assim venderiam os legumes e verduras e
com o dinheiro comprariam os materiais escolares necessários.

    E assim foi feito, e após um tempo, lá estava Chico com seu cesto
de legumes e verduras na mão, gritando com todo ar de seus pulmões,
oferecendo a todos as maravilhas que a Mãe Natureza concedeu a eles.

    Chico Xavier sempre voltava para sua residência com o cesto vazio,
e o material escolar foi comprado, até com sobra.

    Quando passou para o terceiro ano do curso primário, Chico com
apenas onze anos de idade, empregou-se na fábrica de tecidos de Pedro
Leopoldo, e assim o tempo foi passando, e a família de Chico
aumentava, várias crianças nasceram do novo casamento de seu pai.

    Chico estudava pela manhã, e as três horas da tarde ia para a
fábrica carregando nas mãos seu jantar na marmita. Ele saia da fábrica
as duas horas da madrugada, e ia correndo para casa para poder
descansar, para que assim tivesse forças para um novo dia.

    Quando recebeu o diploma do curso primário, Chico parou com os
estudos, pois tinha que trabalhar para ajudar a grande família. Chico
era um rapaz exemplar, era ainda católico assim como toda a sua
família, mas iria agora presenciar um fato que iria modificar o rumo
de sua vida.

    Foi no mês de maio do ano 1927, que uma de suas irmãs ficara
muito doente. A jovem com um olhar vazio, trêmula, rindo e chorando
sem parar, dizendo coisas absurdas, sem sentido. Ninguém sabia a
causa, nem mesmo os médicos terrenos da época.

    O pai de Chico, estando desesperado, lembrou-se de uma fazenda na
qual nela vivia um homem denominado como médium por todos da região, o
nome desse médium era José Hermínio Perácio, e esse médium era
conhecido por fazer curas milagrosas.

    Senhor Perácio foi trazido até Pedro Leopoldo, levado até a irmã
de Chico, e ao vê-la foi logo dizendo:

    "Eu já tratei de muitos doentes assim, e graças a Deus todos
ficaram curados. Não se preocupe senhor João Cândido, sua filha vai
ficar boa, eu e minha esposa Carmem, vamos tratar dela."

    Assustado, o senhor João Cândido pergunta:

    "O que ela tem senhor Perácio, porque está tão perturbada assim?"

    E senhor Perácio responde com conhecimento de causa:

    "É um espírito sofredor, que a faz gritar, rir e chorar. O caso
não é tão grave senhor João."

    "E o que eu devo fazer senhor Perácio?" Pergunta senhor João um
tanto desesperado.

    "O senhor deve levar sua filha agora mesmo para minha fazenda, lá
trataremos ela, e certamente voltará sem esses obsessores." Respondeu
o médium com firmeza.

    E assim foi feito, a irmã de Chico Xavier vai para a fazenda de
senhor Perácio e de sua esposa senhora Carmem. Após um mês e meio de
tratamento espiritual, a moça retorna para casa em companhia de senhor
Perácio e de sua esposa que também era médium desenvolvida.

    Foi aquela correria, todos vieram para recepcionar a jovem, e
felizes diziam:

    "A irmã de Chico voltou pessoal, e ela está curada."

    E foi uma alegria geral. Seu Perácio e dona Carmem, ficaram vários
dias, a pedido do povo, em Pedro Leopoldo em companhia de seus novos
amigos. E como não havia um grupo espírita sequer na cidade, seu
Perácio, dona Carmem, os filhos do pai de Chico, e muitos amigos,
resolveram criar o Centro Espírita Luiz Gonzaga. E na reunião do dia
oito de julho de 1927, dona Carmem, para com os olhos fixos em um
ponto do ambiente, e de repente dissera que estaria vendo um espírito
de luz, e esse expressa o desejo de escrever pela mão de Chico a
mensagem que ele estaria ali para relatar.



    Chico Xavier já tinha 17 anos de idade, e com carinho aceitou a
recomendação dada por dona Carmem.

    A senhora Josefa Barbosa Chaves, ao verificar o acontecimento, foi
logo buscar lápis e papel, e o material foi entregue a Chico, que sem
se opor foi logo escrevendo. A mão de Chico em uma rapidez sublime não
parava, e assim escreveu dezessete páginas, e essa primeira mensagem
psicografada por Chico Xavier trazia a seguinte assinatura:

"UM ESPÍRITO AMIGO."

    Uma semana depois foi constatado outro fato muito importante, dona
Carmem viu, enquanto estava em oração, uma grande quantidade de livros
no ar, pairando sobre a cabeça de Chico Xavier, mas ninguém
compreendeu o que significava aqueles livros. Mas certamente era um
aviso sobre a demonstração de literatura psicografada que viria pela
frente.

    O rapaz Chico Xavier, mais tarde, haveria de escrever livros com
os espíritos de luz, e o que realmente aconteceu.

    A primeira pessoa que viu o espírito guia de Chico Xavier foi dona
Carmem, e o espírito dizia se chamar Emmanuel, e possuía uma imensa
luz, muito brilhante.

    Quatro anos depois, no ano de 1931, quando já tinha 21 anos de
idade, foi só então que Chico viu seu espírito guia, e assim ficou
sabendo que Emmanuel, em sua vida anterior, fora Manuel de Nóbrega, um
célebre jesuíta português, e ao tempo do Império Romano, o poderoso
Senador Públio Lentulus Cornelius, e esse através das mãos de Chico
Xavier escreveria sua história. Agora tinha uma missão a seu lado,
pois deveria iniciar sua literatura espírita, e o primeiro livro seria
Parnaso de Além Túmulo, que foi psicografado por Chico no ano de 1932,
e nele teria mensagens de diversos espíritos de poetas que usariam a
 mediunidade de Chico Xavier para passar suas mensagens poéticas, e
sendo assim, Emmanuel inicialmente trouxe a Pedro Leopoldo o espírito
de Guerra Junqueiro, grande poeta português, que tinha desencarnado no
dia 07/07/1923, e pelas mãos de Chico escreveu:

"Espalhemos a Fé, a Caridade e a Crença,
Tenhamos a noss'alma em delubros de luz,
E acharemos no fim da romaria imensa,
O sol primaveril da graça de Jesus!"

    Com Junqueira também vieram outros poetas, como o Poeta das
Estrelas, Casimiro Cunha, desencarnado no ano de 1914, que
maravilhosamente escreveu:

"Segui pois, irmãos terrenos,
Nessas trilhas luminosas,
Caminhai sempre serenos,
Entre lírios, entre rosas;
Entre os lírios da Bondade,
Entre as rosas da Ternura,
Espargindo a caridade,
Consolando a desventura.
Só assim caminharemos
Nessa eterna evolução,
E no Bem conquistaremos
A suprema perfeição."

    E por intermédio de Emmanuel, veio também mostrar sua poesia em
Pedro Leopoldo, o maravilhoso poeta Castro Alves, conhecido como "O
Poeta dos Escravos", que desencarnou com apenas 24 anos no ano de
1871. E as mãos ágeis de Chico Xavier escreveram assim:

"Quem o bem e a luz semeia
Nas fainas do evolutir:
Terá a ventura que anseia.
Nas sendas do progredir.
Uma excelsa voz ressoa,
No Universo inteiro ecoa:
"Para a frente caminhai!"
O amor é a luz que se alcança,
tende fé, tende esperança,
para o Infinito marchai!"

    E assim logo vieram também com suas poesias de luz, Casimiro de
Abreu, poeta fluminense desencarnado em 18/10/1860, Antero de Quental,
poeta português, desencarnado em 11/09/1891, Auta de Souza, poetisa
potiguar, desencarnada em 07/02/1901, Augusto dos Anjos, poeta
paraíba, desencarnado em 12/11/1914, Júlio Diniz, poeta português,
desencarnado em 12/09/1871, e outros mais, totalizando 14 poetas do
além. E a primeira edição foi publicada pela Federação Espírita
Brasileira graças a Manoel Quintão, que viu nesse livro um presente do
céu. O Parnaso, com 156 páginas, foi então publicado no ano de 1932,
causando um imenso impacto, conforme era o desejo de Emmanuel.

    Muitos jornais do pais comentaram o livro. Humberto de Campos, da
Academia Brasileira de Letras, foi o primeiro a confessar dizendo:
"Os poetas que Chico Xavier é intérprete, apresentam as mesmas
características de inspiração e de expressão."

    E Monteiro Lobato, criador do Sítio do Pica Pau Amarelo, o que
pensava de Chico?

    "Se o Chico produziu tudo aquilo por conta própria, então ele
pode ocupar quantas cadeiras quiser na academia."


    E outras edições do Parnaso foram feitas, claro acrescidas de
novos autores. E assim o livro que tinha 156 páginas, passou a ter
mais de 400. E desde os 21 anos de idade, sempre amparado por
Emmanuel, Chico Xavier não parou mais de psicografar, ou seja, de
escrever com os espíritos. E livros e mais livros foram espalhados por
todo território brasileiro, levando ao povo esclarecimentos sobre a
vida espiritual além de muito consolo, fé e esperança. Livros de
poesia, crônicas, contos, livros infantis, científicos, filosóficos,
religiosos. Mais de 500 espíritos escreveram com as mão de Chico
Xavier, milhões de volumes, do total de 412 livros psicografados, e
ele nunca admitiu ser o autor de nenhuma dessas obras. Reproduzia
apenas o que os espíritos lhe ditavam. Por esse motivo, não aceitava o
dinheiro arrecadado com a venda de seus livros. Vendeu mais de vinte
milhões de exemplares e cedeu os direitos autorais para organizações
espíritas e instituições de caridade, desde o primeiro livro.

    Seu primeiro livro, "Parnaso de Além-Túmulo", com 256 poemas
atribuídos a poetas mortos, causou muita polêmica entre os descrentes.
O de maior tiragem foi "Nosso Lar", com cerca de um milhão e trezentas
mil cópias vendidas, atribuído ao espírito "André Luiz", primeiro
volume da coleção que leva o nome deste. Em parceria com o médico
mineiro Waldo Vieira, psicografou dezessete obras. Uma de suas
psicografias mais famosas, e que teve repercussão mundial, foi a do
caso de Goiânia, em que José Divino Nunes, acusado de matar o melhor
amigo, Maurício Henriques, foi inocentado pelo juiz que aceitou como
prova válida, entre outras que também foram apresentadas pela defesa,
um depoimento da própria vítima, já falecida, através de texto
psicografado por Chico Xavier. O caso aconteceu em outubro de 1979, na
cidade de Goiânia, Goiás. Assim, o presumido espírito de "Maurício"
teria inocentado o amigo dizendo que tudo não teria passado de um
acidente.

    Em relação aos valores arrecadados com as vendas dos livros, Chico
sempre dizia que esses valores não lhe pertenciam, e por esse motivo
as doações aos necessitados, e com carinho e humildade, ele falava:
"Dai de graça o que de graça recebestes". E assim Chico caminhava
ensinando a todos o poder da caridade.

    Chico Xavier já estava com 49 anos de idade, sua saúde não estava
boa, pois trazia consigo as marcas da infância, na qual se desdobrava
no trabalho até as duas horas da madrugada, e isso fez com que seu
corpo físico ficasse bastante prejudicado. Com isso deveria mudar de
clima, e assim se transferiu para Uberaba, em Minas Gerais, onde vivia
o médico Valdo Vieira que feliz com a chegada de Chico lhe disse: "Foi
bom, Chico, que você viesse para Uberaba, já psicografamos o livro
Evolução em dois mundos, e agora juntos poderemos psicografar  muitos
outros".

    E assim seis anos depois, o médico disse: "Chico, precisamos
divulgar o espiritismo também fora do Brasil. Os livros que estamos
recebendo do além precisam ser lançados em outros países, façamos
juntos uma viagem, e vamos levar a consolação espírita a outros
povos."

    E lá foram eles, duas viagens foram feitas, a primeira no ano de
1965, quando fundaram nos Estados Unidos um centro espírita, e a
segunda no ano de 1966, quando foi lançado em inglês, o livro "Ideal
Espírita", psicografado por ambos.

    E quando voltaram a Uberaba, Valdo Vieira deu por terminado seu
belo trabalho ao lado de Chico Xavier.

    "Adeus Chico! Agora vou me dedicar a medicina. Talvez um dia eu
volte a Uberaba. Talvez..."

    E Chico Xavier ficou só, mas continuando seu trabalho de amor e
abnegação, e assim novos livros foram escritos, vários deles, alguns
em esperanto, inglês, francês, castelhano e até em japonês. Eles
formam uma biblioteca que já vai iluminando o mundo, e assim muitas
cidades, oficialmente, iam homenageando Chico Xavier. Homenagens essas
que ele, humilde, transferiu para o espiritismo.

    Chico é lembrado principalmente por suas obras assistenciais em
Uberaba, cidade na qual todos tinham imensa gratidão pelos atos dele.

    Nos anos 70, passou a ajudar pessoas pobres com o dinheiro da
vendagem de seus livros, tendo para tanto criado uma fundação.

    O mais conhecido dos espíritas brasileiros teve relevante
contribuição para expandir o movimento espírita no Brasil e encorajar
os espíritas a revelarem sua adesão à doutrina de Allan Kardec. Sua
credibilidade serviu de incentivo para que médiuns espíritas e
não espíritas realizassem trabalhos espirituais abertos ao público, e
assim diminuir um pouco o preconceito que líderes de outras religiões
pregavam a seus fiéis.

    Podemos ver um divisor de águas, o espiritismo antes de Chico
Xavier, e o espiritismo depois de Chico. Isso mostra a importância
desse ser iluminado dentro do nosso planeta, ser esse que sabia como
ninguém pregar o amor, a paz, a humildade e a caridade.

    Chico Xavier faleceu aos 92 anos de idade em decorrência de parada
cardíaca. Conforme relatos de amigos e parentes próximos, teria pedido
a Deus para morrer em um dia em que os brasileiros estariam muito
felizes, e que o país estaria em festa, por isso ninguém ficaria
triste com seu desencarne.

    O Brasil festejava a conquista da Copa do Mundo de Futebol no dia
de sua passagem. Seis meses depois de sua morte, o livro "Na próxima
dimensão" foi psicografado e publicado. O livro afirma que Chico seria
a reencarnação de Allan Kardec, um tema muito polêmico e largamente
discutido nos centros espíritas brasileiros. Chico foi eleito o
mineiro do século XX, seguido por Santos Dumont e Juscelino
Kubitschek.

Algumas partes retirada da fonte:  Livro "Grandes Mestres da Humanidade"
de Patrícia Cândido - Luz da Serra Editora.

    "Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."

    Que Francisco Cândido Xavier, nosso amado Chico Xavier, possa
continuar nos dando lições para nossa evolução espiritual.

    A Umbanda segue e respeita todos os preceitos desse ser de luz.

Carlos de Ogum



 
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